Todos os dias temos sido confrontados com notícias de pessoas que aparecem mortas dentro das suas casas, sem ninguém da família, amigos, ou até vizinhos, terem dado conta da sua ausência.
Todos dizem que os mesmos estavam entregues à solidão. Será?
Não se confundam os sentimentos. Eu chamaria a estas situações, abandono, rejeição, desprezo, esquecimento, mau carácter, maus tratos e nunca solidão.
Solidão não é o mesmo que estar desacompanhado. Estar sozinho pode ser uma experiência positiva, de criatividade, prazer e de opção.
A solidão não requer a falta de outras pessoas e muitas vezes é sentida em lugares com muita gente.
O ser humano começa um processo de separação e solidão logo ao nascer e durante a sua vida inteira, tem muitos momentos de solidão e de identificação. Desta forma sentir-se sozinho pode também ser uma emoção saudável. Pode ser uma escolha.
Não existe idade para sentir solidão. Os jovens também a sentem. A solidão talvez seja observar o tempo que passa, olhar o mar, o céu, a lua, as estrelas. Também poderá ser a dor que invade e atormenta a alma, ou a ausência de palavras, de silêncio, de olhares, de afetos, mas.... talvez, talvez, talvez........ ?
Haverá na terra verdadeira solidão? Tudo está vivo ao redor de nós e ao que chamamos solidão pode ser um desafio de coragem, porque solidão não é falta de gente para conversar, cuidar, passear, rir ou chorar.
E neste conflito de pensamentos acabo por sentir que afinal a solidão pode ser uma companhia serena, calma, terna, e quem sabe até uma linda canção, assim como por outro lado também pode ser um conflito de emoções desagradáveis.
Se a palavra solidão apenas significar estar "sozinho", então ela não fará bem nem à própria sombra, mas também pode ser só um estado de alma que contribui para que todos os sentimentos que temos cá dentro, venham à superfície. E nem sempre é mau. Recordações boas também se têm quando estamos na solidão.
Façamos a nossa obrigação de cidadãos com amor, carinho e dádiva e certamente ninguém morrerá de solidão.
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