Manhã de Outono

Hoje é o primeiro dia de Outono. Os meus olhos contemplam a paisagem que da minha casa, em Abragão, se observa.
O nevoeiro que se estende por cima do percurso do rio Tâmega, protege as montanhas que parecem guardar a natureza e ficarem à espera que a mesma descanse para começar de novo a produzir, mas depois de se renovar.
Assim observei o exemplo da natureza, pensativa e serena.

O Outono é a época de mudar o rumo e de descanso para a renovação.
Com estes pensamentos e com o olhar nas transformações foi possível pensar nos meus sonhos.
E tal como a natureza já vou sentindo o Outono da vida.
No entanto o meu tempo não foi perdido nestes momentos, porque tudo, tal como as estações do ano, tem de ser vivido, absorvido ao máximo, mesmo que pareça demorado, porque logo chega de novo a Primavera e com ela a beleza e o perfume das flores.
Outra manhã de um outro dia...

O companheiro

Depois de uns dias de chuva intensa e mau tempo, o sol voltou.
Voltou quente, acariciador e desafiante.
As condições estão, de novo, reunidas para continuar as caminhadas, que durante algum tempo foram interrompidas. Não só por culpa do tempo, mas também, por falta de vontade e alguns contratempos.
Não é costume, mas desta vez fui sozinha. Devagar... até porque o dia está tão lindo e dá prazer observar bem o que a natureza me oferece.
Para além desta contemplação e apesar de caminhar entregue aos meus pensamentos e recordações, houve alguém que resolveu interromper e me dar o prazer da sua companhia.
O arfar despertou-me. Olhei e não podia ter maior surpresa, quando reparei no companheiro de caminhada.
Um cão já adulto, amarelo, com os olhos postos em mim quase que pedia autorização para me acompanhar. Claro que a minha atitude foi concordar.
Caminhamos lado a lado. Quando o mesmo se atrasava um pouco, depois fazia questão de se aproximar, mas sem me ultrapassar.
Nos meus pensamentos surgiu a hipótese de abandono. Pensei seriamente, se o mesmo chegasse ao fim, levá-lo para casa.
Continuamos lado a lado bastante tempo, mas eis que de repente surge um amigo. Resolveu sentar, mesmo ali, no meio da estrada. Por mais que eu insistisse e o incentivasse, nada feito.

Bem... confesso que nesse momento me senti desamparada e desiludida por deixar de ter um companheiro, que talvez neste momento, estivesse ao meu lado.
É assim... às vezes temos companheiros de viagem só até à próxima estação... Paciência...

Vindimar

Os anos vão passando e com eles as tarefas do campo vão-se repetindo.
Estamos em Setembro, o Outono está a chegar e as colheitas têm de ser feitas, para que a natureza se renove.
Vindimar é uma dessas colheitas. Verdadeiramente portuguesa pratica-se por quase por todo o país.
Por aqui os agricultores são de pequenas dimensões, por isso as vindimas ainda vão tendo contornos de festa quase sempre reunindo a família e amigos.
Não deixa de ser interessante porque a animação e cumplicidade reina entre todos.
Os petiscos não faltam, o vinho velho também não e a conversa é posta em dia.
Pois é... só assim se tem força para subir e descer a escada para apanhar as deliciosas uvas e carregar os cestos até ao lagar
Por fim esmagar as uvas, hoje em dia já mecanicamente, mas de qualquer maneira com alegria.
Bem... depois disto e com mais algumas tarefas até o vinho descansar, resta esperar pelo S. Martinho, em Novembro, para provar o vinho novo, acompanhado de umas boas castanhas assadas.
Vamos vindimar?
https://bmaxima.blogspot.com

A Flor

As minhas rimas

A preciosa e pequena flor
Sozinha lá longe nasceu
Sonhava que seria maior
Mas a sorte não lhe valeu

Ali ficou muito esquecida
à espera do calor que desejava
Muito triste e enteada da vida
Mas o sol nunca a bafejava

A luz fria, fria e sombria
A deixou inútil e ao abandono
No silêncio e na nostalgia
Com tédio, melancolia e sono

Já não sei se era flor ou gente
Esquecida, triste, imperfeita
Numa dor silenciosa e amarga
Ali ficou para sempre desfeita
                          Beatriz Máximo
                             

Setembro

Setembro chegou e com ele a tranquilidade da aproximação do Outono.
O amanhecer começa a ser refrescante e a noite chega serena.
A paisagem ganha novas cores e novas luzes.
As folhas lá vão caindo e cada uma despede-se com a promessa de voltar mais vigorosa, mais madura e sábia.
Pela manhã o cheiro de terra húmida é inconfundível e ganha-se mais uma oportunidade de admirar o que nos é oferecido gratuitamente há milhares de anos.
Os pássaros ficarão mais silenciosos e talvez  procurem lugares mais agradáveis, as flores serão escassas, o frio e a chuva chegarão.
Tudo terá um encanto diferente, mas sempre seremos presenteados com lindas manhãs e o encanto de um pôr do sol.
É bom contar os meses e anos com o encanto da transformação da natureza, ano após ano.
Novas rotinas chegam. É quase o começo de um novo ano...
É bom viver...