As asas são para voar

Dizia eu no post anterior:

“E agora??? Agora, esperam-se novos dias, novos desafios e novos sonhos”.

Pois é… Onde estão?  

Os dias são longos, os desafios parecem ficar pelo caminho e os sonhos vão dando lugar ao vazio e às noites mal dormidas. 

Saber gerir sentimentos relacionados com a família, é complicado. Se a mesma está longe piora a situação. 

Participar nas alegrias, nas tristezas, nos sonhos, nos fracassos, nos sucessos…, enfim…, em part-time, é insuficiente.. 

Falta o reboliço e um ombro por perto para poder sentir o coração e dar aquele abraço, que tantas vezes é necessário.

Blá, blá, blá… com este choradinho, já notaram que tomou conta de mim a nostalgia e a saudade. Não é verdade? Eu sei..., mas faz bem descrever o que vai no coração. Juro... amanhã já tudo passou.

Foi bom e divertido e sei que é inevitável que os filhos voem em todas as direcções e construam o seu próprio ninho.

Tenho aprendido que desde o nascimento deles, temos a oportunidade de aprender sobre esse estranho movimento de ir e vir, segurar, soltar, acolher e libertar.

Por isso, apesar da espera, vou recolher as minhas asas e abraçar à distância, comemorar vitórias, mesmo sem participar directamente e apoiar decisões.

O meu ninho... esse..., ficará à espera de uma nova oportunidade no alto da minha palmeira.

As asas são para voar… Paciência…

Novos sonhos

Pois é... o tempo passou. Sempre passa rápido quando é bom.
Neste momento o silêncio é estranho. Apenas se ouve o bater do relógio e a chuva que cai forte nas vidraças das janelas.
O coração ficou mais uma vez cheio de momentos felizes, mas ansioso e em ritmo descompensado.
A vida prega-nos partidas e a hora da despedida não é fácil.
Instala-se a angústia e começa a saudade.
Mas também ficam os momentos bons, vividos intensamente, que desejo permaneçam na memória por longo tempo.
Tivemos alegria, partilha, amor e dias de frio, chuva, neve e o calor do nosso sol.
O convívio com a família e amigos não faltou e jamais será esquecido.
E agora??? agora esperam-se novos dias, novos desafios e novos sonhos...

Neve por encomenda

A casa estava silenciosa. Lá fora a chuva tinha sido bastante durante a noite. Pela manhã o granizo visitou-nos. Todos dormiam  ou se deixaram ficar no aconchego das mantas.
Enquanto eu deambulava pela casa, ainda com a preguiça natural de um dia de Inverno e sem saber muito bem se deveria ou não voltar para o vale de lençóis, o telefone tocou. Tinha começado a nevar para os lados de Montalegre.
Bem... posso dizer que era o desejo de todos que isso acontecesse. Se era... então vamos... truz, truz, truz, bati nas portas e toca a levantar para ver nevar.
Quando decidiram vir a Portugal, fizeram encomenda de neve, mas com poucas esperanças que chegasse a tempo. Se chegou, era preciso desfrutar do acontecimento.
Meia hora depois, pela estrada fora, esperávamos o momento de ser desafiados para sentir na cara os flocos brancos de algodão. A magia aconteceu.
As crianças nunca tinham visto nevar. A alegria era contagiante e as fotos não se fizeram esperar. Pulavam e quase rebolaram pelo chão
Continuamos com algum cuidado, mas admirando a paisagem que se transformava a cada minuto que passava.
Depois de tudo isto, alguém nos esperava com um almoço tradicional da região. Que mais podíamos pedir?? Nada...
Simplesmente desfrutar do dia e do privilégio de ver e sentir as transformações da natureza. Alegraram-se os corações...

Afinal ainda há encomendas que chegam a tempo...

O Porão

Olá. Provavelmente o que vou descrever a seguir apenas será só para um dia recordar.
Sabem o que é o porão? É o que os meus netos chamam a uma sala que fica na cave
O que dizem ser o "porão" e que todos acham muita graça, começou por ser uma garagem nos fundos da casa. Entretanto passou a sala, onde tudo que vai sobrando vai lá parar, desde peças antigas a outras menos utilizadas.
De cada vez que as crianças, então, descem ao "porão", sempre aparece uma novidade.
Surpresa atrás de surpresa e um grande entusiasmo.
Brinquedos que eram da mãe, livros de histórias, jogos de grupo, caixas de música, cartas e até um antiga mesa de matrecos, que passou a ser o passatempo favorito.
Nada de tecnologias e aí estão os tempos das brincadeiras de grupo...
Quem havia de dizer!!!!
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O Bolo de chocolate

Sempre achei que os avós poderiam ensinar imensas coisas aos seus netos. E continuo a crer que a maior parte deles o fazem.
Normalmente os netos, mesmo adultos, lembram com carinho aquilo que aprenderam com eles. Um jogo, uma brincadeira, um provérbio, uma história engraçada ou até o semear de uma semente. Enfim... coisas simples e agradáveis que os avós fazem para conquistarem o amor dos seus netos.
Como já disse, noutras ocasiões, não sou uma avó de todos os dias. Não sei se algum dia os meus netos terão recordações interessantes.
No entanto, sempre que é possível entre as duas partes, tentamos ensinar e aprender alguma coisa.
Desta vez o mais pequeno desejou que eu fizesse o bolo que mais gosta.
Bem... fizemos então, um contrato. Para que isso acontecesse teria que ter a sua ajuda. A resposta foi imediata: "Claro Vó"!!!
Mãos à obra, mas havia uma condição da parte dele. Tinha que ser bolo de cenoura com cobertura de chocolate e granulado... Concordei...
Tive então uma ajuda preciosa. Bateu o bolo no liquidificador, ajudou a fazer o chocolate, lambeu a colher e depois de estar cozido e coberto, teve que ser ele a colocar o granulado.
A pior parte e mais dolorosa, foi a espera para que o bolo arrefecesse para comer.
Bem... só posso dizer que quentinho estava uma delícia.
Será que algum dia vai lembrar destes momentos?

A rotina

É assim... A casa ganhou nova vida. É um entra e sai. Talvez uma ligeira agitação.
Está com novos habitantes, como já mencionei noutros posts. Sendo assim, há sempre alguém que dá conversa, opiniões, que se junta há mesa, ou no sofá e que de uma maneira geral contribui para o vai e vem e alterações do dia a dia.
Embora fazendo toda a diferença do que é costume, é bom e o meu namoro com o tempo tem que ser constante, para me ajudar a ter harmonia e aceitar uma nova rotina.
Tenho que ter um compromisso comigo e com o meu equilíbrio, arranjando tempo para que tudo corra mais ou menos bem.
Também não é precisa a perfeição e nem seria genuína.
O importante é uma desorganização organizada, mas com o cuidado de absorver o que cada um tem de bom para oferecer.
O resto... o resto virá depois...
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