O impiedoso Setembro
Traz a balada de Outono
Seduz e despe as árvores
Como acto de abandono
A folha essa coitada
Vai caindo lentamente
Tão triste e amargurada
Por ser uma folha cadente
Será que uma folha sente
Na despedida a tristeza?
Será que tem amargura
Ao deixar a Natureza?
A árvore fica sem graça
Sofre, mas nunca se queixa
Por destino ou desventura
Parece que a Pátria deixa
E em cada folha caída
Há uma angústia profunda
Num frágil sopro de vida
A sussurrar moribunda
Não faz sentido viver
Esta tão curta existência
Para tão cedo assim cair
Outono sem clemência
Beatriz Máximo
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