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terça-feira, 6 de outubro de 2015

O abate das árvores

Hoje estou desolada, inquieta e irritada.
Sim talvez sejam estas palavras as mais adequadas para manifestar a minha indignação, por ser obrigada a derrubar duas grandiosas árvores quase com quarenta anos, que todos os dias me cumprimentavam logo pela manhã.
Na entrada da minha casa, ladeavam as escadas e enfeitavam o meu jardim.
Era inevitável. Devido já ao seu grande porte estavam a ficar perigosas e a derrubarem o muro de suporte junto à estrada.
Eu sei... Tinha de ser... podiam cair e ferirem alguém.
Compreendo que era esse o destino, mais cedo ou mais tarde, mas acreditem, hoje, quase não desviei o olhar do local em que elas estavam.
É estranho. Não parece a minha casa.
Era ali que vários pássaros faziam os seus ninhos.
Era por entre os seus ramos que eu via o sol nascer e admirava a Lua cheia.
Eram elas que embelezavam um espaço que agora não parece mais o meu.
Uma árvore planta-se pequenina, cresce, faz sombra, transmite oxigénio, embeleza, serve de abrigo e passados tantos anos é condenada.
Depois considero que as árvores são componentes fundamentais para a sobrevivência humana, são os protectores da terra, perfumam, purificam o ar, servem de habitat para animais, equilibram o processo de aquecimento global, enfim...
Já eram... e se calhar estou a dramatizar. Foram duas e costuma dizer-se: Por morrer uma ou duas andorinhas não acaba a primavera, mas não me façam matar todas as andorinhas que me rodeiam, porque se assim for, acaba-se mesmo a linda estação do ano e a minha alegria.
Bem... amanhã será outro dia...

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