Naquela época penso que todos os dias eram o meu dia...
Quando sorria e fazia amigos mesmo sem saber o nome deles e jogava à bola, à macaca, ao pião, saltava à corda e brincava de esconde-esconde.
Quando chorava sem saber o porquê. "E lembro que chorava muito".
Quando ficava ansiosa e impaciente para comer o algodão doce nas romarias e comprar os bonecos de madeira artesanais.
Quando comia pão com manteiga.
Quando perdoava fácil e esquecia os "nãos" que ouvia.
Quando acreditava num mundo bom, onde era possível ser feliz
Quando cantava fora de tom e fazia rir os que me escutavam e com eles dava uma boa gargalhada.
Quando sentava à mesa com a família toda reunida.
Quando ficava à janela ou na rua a brincar e detestava a hora de ir para a cama.
Talvez quando percorria caminhos difíceis e desconhecidos na expectativa de descobrir mistérios.
Talvez, até quando tinha sonhos impossíveis.
Talvez, talvez, talvez... eu tivesse sempre o dia da criança todos os dias.
Enfim.... por tudo isto e muito mais, penso que nunca senti a necessidade de ter um dia especial, porque (bons ou maus) todos eles o eram.
Hoje, adulta, mesmo sem ter tido o privilégio deste dia, nunca irei esquecer a criança que sempre fui.... FELIZ...
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