Bem tantos e tantos cheiros que será difícil descrevê-los todos, mas os mais importantes ainda são o cheiro do pai, da mãe e ainda o cheirinho da casa dos Avós. O café da manhã era feito num pote de barro. Jamais esquecerei aquele cheiro de café barato mas delicioso. Depois lá vinha o dia em que a Avó fazia o petisco que ainda hoje de vez em quando faço cá por casa. Imaginem fritar batatas com casca e cebola à mistura e abafadas com um testo. Eram uma delícia quando fritava um ovo que ia buscar na hora à capoeira. Depois o crepitar da lenha na lareira da cozinha e o Avô sentado num banquinho ao lado do fogo nos dias de Inverno. Cheirinho a fumo que jamais esquecerei. Entretanto também o cheirinho do abraço apertado que ela me dava. Ainda o cheiro de papeis desbotados e rabiscados com a poesia do Avó Máximo que se divertia a ler para nós e que exigia a devida atenção e no final sempre nos presenteava com uma saborosa merenda, como se dizia na época, com cheirinho a aldeia. Bem... ai a saudade que tenho destes e tantos outros cheiros de uma época maravilhosa e que será impossível descrevê-los todos.
Infância que tão depressa passou e que deixou raízes...